As Classificações Brasileiras de Cafés
O Brasil é o maior exportador de café do mundo, talvez você já imagine que nós temos nossas próprias regras e escalas para padronizar cafés. É interessante entender quais são as classificações brasileiras de cafés e quando utilizá-las. Confira:
1) A Classificação da ABIC
A ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) ajudou muito o consumidor com a criação dos selos de qualidade do café. Isso foi necessário porque o Brasil passou por um período das trevas no contexto histórico da qualidade do café, criando padrões de qualidade e estabelecendo que cafés inferiores não devessem fazer parte da mesa do brasileiro.
A classificação da ABIC (Fig. 1) se dá pela qualidade do grão torrado, sendo estabelecida uma escala de 0 a 10 pontos de pontuação global para cada café. A ABIC testa por conta própria os cafés comerciais e verifica a qualidade regularmente, portanto, a certificação da ABIC não pode ser obtida da mesma forma que a da COB, ou mesmo da SCA.
Dentre as classificações brasileiras de cafés, o uso do modelo da ABIC é quase exclusivo em embalagens de cafés torrados comercializados nos supermercados, oferecendo uma alternativa visual para o consumidor se informar a respeito da qualidade de uma maneira simples e intuitiva.
As classificações do café quanto à qualidade ficam estabelecidas pela ABIC como:
- Cafés com pontuação global mínima de 4,5 pontos são considerados Tradicionais/Extrafortes
- Cafés com pontuação global na faixa de 6,0 a 7,2 pontos são considerados Superiores.
- Cafés com pontuação global acima de 7,3 pontos são considerados Gourmets.
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2) A relação entre as escalas SCA (internacional) e ABIC (nacional) quanto à qualidade da bebida
Uma equivalência entre as classificações brasileiras de cafés da ABIC e da SCA pode ser obtida multiplicando-se a escala da ABIC por 10, por exemplo:
- 8,5 pontos ABIC (Gourmet) = 85 pontos SCA (Especial).
- 8,0 pontos ABIC (Gourmet) = 80 pontos SCA (Especial).
- 7,3 pontos ABIC (Gourmet) = Abaixo do padrão SCA (< 80).
- 7,0 pontos ABIC (Superior) = Abaixo do padrão SCA (< 80).
- 5,0 pontos ABIC (Tradicional) = Abaixo do padrão SCA (< 80).
Desse modo, a escala ABIC é muito útil quando se quer selecionar a qualidade do café, excluindo-se os inferiores, mas não é específica ao tratar de grãos de alta qualidade.
3) A Classificação Oficial Brasileira (COB)
A Classificação Oficial Brasileira é, dentre as classificações brasileiras de cafés, a mais utilizada em nosso território e o motivo é simples: O Brasil é o maior produtor de café do mundo e a COB classifica apenas grãos verdes, sendo utilizada principalmente para (des)precificar os cafés dos produtores. Ela também classifica grãos da espécie Canéfora (Conilon e Robusta), além dos Arábicas (Catuaís, Mundo Novo, Arara, etc).
A classificação COB é feita ao inverso das demais, ao invés de estabelecer as qualidades do café, ela estabelece os defeitos.
Para a classificação, utiliza-se uma amostra de 300 gramas de café cru, o ponto mais marcante na Classificação Oficial Brasileira é a classificação do tipo (2 a 8) do café pelos seus defeitos, que podem ser originados pela presença de pedras, paus, cascas, grãos quebrados, brocados, ardidos, pretos, verdes, conchas, miolos de conchas e outros.
A classificação dos tipos de café por defeitos fica:
- Tipo 2 – até 4 defeitos
- Tipo 3 – até 12 defeitos
- Tipo 4 – até 26 defeitos
- Tipo 5 – até 46 defeitos
- Tipo 6 – até 86 defeitos
- Tipo 7 – até 160 defeitos
- Tipo 8 – até 360 defeitos
A COB também avalia a peneira dos grãos, que fica estabelecida em frações de polegada (1/64) em grãos chatos ou moca, a cor (verde-azulada, verde-cana, verde, esverdeada, amarelada, amarela, marrom, chumbada, esbranquiçada e discrepante), o marrom, normalmente, é atribuído ao grão do café conillon e a cor discrepante é consequência de ligas de lotes de café de safras com cores diferentes e por fim, a qualidade da xícara.
A qualidade observada pela prova de xícara é designada por:
- Bebida estritamente mole
- Bebida mole
- Bebida apenas mole
- Bebida dura
- Bebida riada
- Bebida rio
- Bebida rio zona
É interessante notar que o nome da qualidade mais baixa (rio zona) foi atribuída no contexto histórico tendo em mente os cafés produzidos na região da Zona da Mata e no Rio de Janeiro, que eram de baixa qualidade, daí o nome Rio + Zona. Esse cenário mudou.
Hoje a região é conhecida como Matas de Minas e é considerada referência em qualidade de cafés, nomes que são expoentes nacionais na produção de microlotes de altíssima qualidade situam-se nessa região, como é o caso do produtor Afonso Lacerda, do Sítio Forquilha do Rio, no Caparaó.
Para quem quiser se aprofundar no assunto sobre as classificações brasileiras de cafés, o SENAR promove cursos de classificação e degustação de cafés segundo a classificação COB. Solicite informações à sua cooperativa.
4) A relação entre as escalas SCA (internacional) e COB (nacional) quanto à qualidade da bebida
As correlações entre as classificações brasileiras de cafés não são tão fáceis e por existirem diversas maneiras de classificar o café, o consumidor fica perdido no meio dessa guerra de siglas.
A Revista Cafeicultura mostra uma equivalência entre a Classificação Oficial Brasileira (COB) e a nota SCA (Resultado final) em relação à qualidade da bebida:
- 85 pontos SCA e acima – Bebida Estritamente Mole (COB).
- 80 a 84 pontos SCA – Bebida Mole (COB).
- “75 a 79″ pontos SCA – Bebida Apenas Mole (COB).1
- “71 a 75 “pontos SCA – Bebida Dura Limpa (COB).1
1 = Vale lembrar que não existe escala SCA abaixo dos 80 pontos. Os valores de “79" pontos e inferiores foram usados apenas de modo didático. Você não vai encontrar esses valores em café algum, mas pode se deparar com o termo “gourmet” para identificar esses cafés que não chegam aos 80 pontos (especiais), mas são cafés finos (cafés de qualidade).
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5) Outras classificações brasileiras de cafés
Diversas exportadoras de café brasileiras possuem classificações próprias, que são modificações das classificações brasileiras de cafés. Outras siglas figuram nesse meio e é praticamente impossível cobrir todas. A intenção nesse post foi de apresentar as principais e dar introdução ao protocolo SCA, aplicado aos cafés especiais que você pode conferir no próximo tópico:
6) Confira o nosso próximo texto da série “O que são Cafés Especiais?” sobre a Classificação SCA:
A classificação SCA é extensa e você pode conferir nosso texto no próximo post da nossa série “O que São Cafés Especiais” clicando no botão a seguir:
Maurício Lima de Moura
Bom dia, quero saber, minha esposa gosta do extra forte pq acha que rende mais…
Mas eu vi aqui que o melhor é o ESPECIAL E O GOURMET, vc confirmar isto ou não?
Julio Cesar
Bom dia Maurício,
Gostaria de te parabenizar pela sua dúvida. Isso do café extra-forte “render” mais é uma percepção errada que muita gente tem.
A razão é simples, o café extra-forte (carbonizado) vira um pó muito fino que passa pelos poros do filtro e deixa a bebida preta (na questão da cor), mas também dá sabor (amargor forte por conta das cinzas de café). Daí vem a ideia de que ele “rende” mais, mas na verdade você está tomando menos cafeína e mais cinzas (muita gente sente azia por conta dos resíduos) dispersas pelo líquido.
Para te ajudar nessa jornada vou te indicar o nosso minicurso gratuito sobre cafés, você recebe por e-mail; vou deixar o link abaixo:
tostati.com.br/o-que-e-cafe-especial
>>> Respondendo a sua dúvida de forma direta: SIM, o especial é o melhor café e de mais alta qualidade, o gourmet está logo abaixo dele com qualidade excelente (qualidade de exportação).